Um dos autores que tem esse efeito em mim é Blair Singer. Ele pertence à equipa dos Rich Dad Advisors e dá formação sobre Little Voice Mastery e desenvolvimento de competências em vendas, liderança e relações inter-pessoais.
No seu livro "Sales Dogs" ele aborda os vários perfis de vendedores, as competências e psicologia para se ter sucesso nessa área, usando sempre a comparação com os cães como âncora para explicar os conceitos. O mais delicioso no livro é que terminamos a admirar e invejar os nossos amigos de quatro patas: a sua cabeça é muito mais simples do que a nossa e paradoxalmente mais orientada para o sucesso.
O livro como um todo merece leitura, mas houve um trecho que eu achei particularmente brilhante, onde o autor explica a forma de lidar com o nosso diálogo interno em situações de adversidade (aquela voz tagarela dentro da nossa cabeça fazendo análise e avaliação de tudo, a toda a hora), reprogramando-nos em segundos.
Sabendo que a adversidade faz parte da vida, que é um processo natural de teste e feedback, saber lidar com ela é fundamental para alcançar o sucesso.
Singer desenha uma sequência de passos fáceis de implementar para reprogramarmos o nosso emocional sempre que enfrentamos uma dificuldade:
1º. O problema ocorre.
Por exemplo: "Perdi o comboio.", "Chumbei no exame".
2º. Desencadeia-se uma emoção.
Funciona como uma chamada de atenção para que fiques atento ao que se segue.
3º. Começa o diálogo interno.
4º. Assim que o diálogo começa deves perguntar-te: "O que é que estou a dizer a mim próprio neste momento?"
Esta pergunta obriga o cérebro a responder e, por isso, a saíres de ti e a observar o teu diálogo interno.
5º. Identificar a emoção: "O que é que eu estou a sentir?"
Assim que identificares a emoção, diz a palavra em voz alta: "Ahah, é frustração!"
6º. Passados cerca de 10 segundos, consegues reconhecer qual a palavra universal, generalizadora que estás a utilizar.
Por exemplo: "Isto acontece-me sempre a mim." ou "Eu nunca vou conseguir fazer isso."
Nota: o nosso cérebro tem tendência a generalizar e a encontrar correlações entre factos totalmente separados.
7º. Assim que identificares a palavra generalizadora deves parar, colocar mentalmente um visto, sorrir e dizer "Aqui está ela!"
8º. De seguida corrige mentalmente a palavra generalizadora para algo mais específico. Exemplo: "desta vez", "caso não resulte"...
9º. Agora identifica a directiva interna que te leva a atribuir a ti a culpa daquilo que aconteceu.
10º. Sorri ao identificar a directiva e pensar "Aqui está ela!". Depois encontra forma de atribuir a culpa a outrem ou de justificar o sucedido com base em circunstâncias lógicas.
11º. Cria um conjunto de factos e evidências para fundamentar o que disseste a ti próprio.
Por exemplo: "Nada faria prever o trânsito de hoje na cidade, costumo demorar 10min e hoje demorei 30min para chegar à estação."
Nota: ser responsável não significa que tudo o que nos acontece de negativo seja culpa nossa. Assumir que nós somos a única causa de todas as más experiências pode ser extremamente prejudicial. Isso não significa que nós não aprendamos com os nossos erros. Significa apenas que não permitimos que os nossos erros afectem a nossa saúde mental.
Nós somos responsáveis pela nossa resposta, pela nossa próxima acção ou pela forma como interpretamos a experiência... mas não pela experiência em si.
12º. O passo mais importante: pergunta-te como é que te queres sentir neste momento.
Procura realmente vivenciar essa sensação. Se não conseguires, pensa numa experiência, momento ou episódio te sentiste dessa forma e mantém essa imagem o máximo de tempo que conseguires. Isso irá mudar a tua energia.
13º. Diz a ti próprio que algo bom vai acontecer em breve. E de seguida acontece!
Desenhei o esquema abaixo para ajudar a compreender e a memorizar o processo, que no total demora menos de um minuto... Agora, diverte-te com a adversidade!
Se quiseres aprofundar mais, podes ler o livro original, em inglês:
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