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3/17/2013

Zona de conforto e zona de pânico

Olho ao meu redor e vejo pessoas "inutilizadas" pelo mercado de trabalho. A competência que desenvolveram não é mais valorizada. Outrora tiveram uma vida de conforto e sucesso e a perda do emprego gerou o colapso. Choram o apoio do Estado e quando este falha podem chegar a situações dramáticas.

Esta visão do ser-humano débil e dependente angustia-me. Não é esta a nossa natureza. Está latente em nós o poder de comandar o nosso destino em vez de sermos escravos dele.

No entanto, desenvolver esse poder requer treino, tal como um músculo que se não for exercitado atrofia. Neste caso o treino consiste em procurar sempre ampliar as nossas competências e as nossas capacidades, em resumo, sair da zona de conforto.

Ao sair voluntariamente da zona de conforto, expomos-nos a novas experiências e a um processo de aprendizagem. Entramos na zona de desafio e é aqui que conseguimos crescer e evoluir. A beleza deste processo é que ao sair da nossa zona de conforto, aumentámos-la, porque em breve o que era desafio passa a ser conhecido e confortável. O processo continua indefinidamente e assim desenvolvemos a nossa capacidade de lidar com situações cada vez mais complexas.

Outra reflexão interessante consiste em perceber que a tentação de ficar estagnado na zona de conforto gera, frequentemente, um desconforto latente. O ser humano está programado para crescer e se desenvolver e o não responder a essa necessidade torna-se desconfortável, provoca frustração e azeda a personalidade.

Entretanto, a vida é imprevisível e encarrega-se de nos pôr à prova. Aquele que sempre se agarrou à zona de conforto é muitas vezes empurrado para a zona de pânico. Uma zona tão distante da realidade que ele conhece, que não tem referências nem recursos que lhe permitam gerir a situação. Foi preguiçoso e não desenvolveu o músculo que lhe permitiria assumir o poder sobre a sua vida.

Sair da zona de conforto não nos protege contra tudo. A vida vai continuar a desafiar-nos, principalmente em conjunturas de grandes rupturas económicas e sociais. Mas seguramente dá-nos mais agilidade para enfrentar esses desafios.

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