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12/11/2014

Não acredites!

Às vezes há nuvens escuras que ameaçam esconder o sol para sempre. São pensamentos negros, emoções sombrias que, de forma poderosa e determinada, se instalam dentro de nós.

Ao sentir a sua chegada, muitas vezes lutamos, em esforço, para que o sol regresse. Mas sentimos-nos impotentes porque a verdade é que não sabemos o caminho para que isso aconteça. E então, lutamos contra moinhos de vento, na esperança vaga que um golpe nosso destrone o inimigo.

Mas, eis uma forma melhor, um caminho mais seguro para a vitória: não acredites!
As nuvens tapam o sol mas não o apagam. Ameaçam escondê-lo para sempre mas o vento vem e dispersa-as. Não acreditar nas nuvens que ofuscam o sol é deixar o vento soprar.

Se só o amor é real e o teu pensamento não é amoroso, então o teu pensamento não é real.

11/20/2014

Medo da luz










O medo da Luz é o medo da morte.
Tememos a nossa luz porque com ela, que será das nossas sombras, que será de nós?

11/11/2014

Existir












Dói-me o universo.
Dói-me existir.
Porque existir é ser separado.
É errar pelo mundo, entre o eu e os outros.

9/20/2014

Vazio










Contemplo o céu.
Vastidão de vazio.
Vazio que preenche.
Vazio que vibra.
Vazio que une.
Vazio que vivifica.
Vazio que É.

Navegar










Onde é que eu quero ir?
Onde preciso de chegar?
O que tenho de fazer?
Nada.
Lado nenhum.

Há grandeza suficiente em estar aqui e agora.
Há grandeza suficiente em contemplar-me como sou.
Em navegar neste mar atribulado e sentir o enjoo do embalo.
Em sentir a escuridão da noite.
Há grandeza suficiente em observar.
Há Propósito suficiente em estar aqui. Em estar presente.

Observa. Contempla. Observa.

9/13/2014

Escola










Crescemos com a vida fácil da escola.
Para cada dúvida bastava pôr a mão no ar, fazer a pergunta e o professor respondia.
O professor era aquela figura mágica que detinha todas as respostas.
Depois saímos da escola.
E agora, quem nos dá as respostas?
A Vida.
Mas não basta pôr a mão no ar.
Esta professora só nos escuta quando a pergunta é uma ânsia sincera e doce de querer saber.
E nós só ouvimos a resposta quando observamos de forma atenta e doce o que a Vida nos traz: pessoas, factos, acontecimentos, circunstâncias.
Tal como o professor, a vida é a fonte mágica de todas as respostas.
À diferença da escola, na vida relembramos o que já sabemos.

Arte










A arte de viver é a arte de não resistir.
Resistir ao mundo, ao que ele é e ao que ele manifesta é um ato de arrogância.
É achar-se superior.
O mundo é o que é. Tem direito a sê-lo. E, no meio do mundo, o que é que eu quero Ser?
Resistir à vida, ao que ela oferece, mesmo que o sabor seja amargo, é um ato de insensatez.
Se rejeito o alimento que a Mãe me dá, como posso ser nutrido?
O Amor tem muitos sabores, incluindo o amargo.

8/30/2014

Palavras









As palavras não foram feitas para serem ouvidas mas para serem sentidas.
As palavras ouvidas são veículos de desencontro, muros de separação.
As palavras foram feitas para serem sentidas não para serem ouvidas.
Senti-las é deixar que falem connosco, que ressoem em nós.
É deixar-nos tocar pela sua energia.
É perceber a essência que as habita e deixar que ela fale com a nossa essência.

Maré


O mundo está contra ti ou és tu que estás contra o mundo?

8/28/2014

Presente



Ser aquilo que o momento presente pede.

O momento presente pede para ser presente.


8/16/2014

Criação

A forma nasce do informe e a ele retorna.


Nota: quadro exposto na Casa Visconde de Bouzões, Mértola

7/06/2014

Viagem

Quero ir para a terra do Amor.
A terra onde o sol irradia dentro do peito.
Onde a plenitude de si é tal que nada precisa de ser cobrado aos outros.
Onde viver é um derramar-se constante, uma carícia, um perfume, um êxtase que se doa.
Onde chegar é perceber que nunca se partiu.

5/30/2014

A barbárie


A barbárie visível no mundo é o reflexo da barbárie que existe latente dentro de nós. Todo o propósito da educação, da religião, da moral e da ética é travar, fechar e não deixar passar as profundezas obscuras da nossa alma.

No entanto, não se consegue travar a fúria do mar com uma barragem... e há momentos na nossa história em que essas profundezas demoníacas conhecem a luz do dia de forma mais generalizada na sociedade.

Talvez o único propósito dos grandes horrores da história da humanidade seja mostrar-nos fora de nós a dimensão das trevas que temos dentro... cada um de nós, um por um, sem excepção. Só no dia em que levarmos amor e redimirmos os demónios que nos habitam é que eles deixarão de nos assombrar no mundo à nossa volta. Então, a história poderá ser diferente, já não se repetirá.

5/15/2014

Lucidez


A única lucidez permitida a um embriagado é saber que não está lúcido.

Embriagamos-nos de muitas formas. Embriagamos-nos com o que vem de fora, mas também com o que vem de dentro.

A forma mais profunda de embriaguez é a embriaguez de si.

5/11/2014

Rosa


Abrir.
Desabrochar.
Há uma força que vem de dentro.
Explosão de  beleza: cor, textura, formas, odor.
Explosão de amor que entrega ao mundo a mais pura essência que habitava dentro de si.

 
Perguntaram-me:
- Acreditas em Deus?
- Em Deus eu acredito. Eu não acredito é em acreditar.

4/21/2014

Be a wish!

Make a wishBe a wish!
Há um nível em que o desejo é o ser a lembrar: eu sou assim!
O que aí for desejado será materializado. Torna-se real nesse segundo, não importa o tempo que demore o mundo das formas a manifestá-lo.

Essa visão que o ser tem, move. Move e mobiliza pessoas, situações e energia. A personalidade segue o curso normal da vida sem perceber que todo este fluxo a está a conduzir, como que por magia, ao desejo inicial, do qual já pouco se lembra, porque não foi ela quem desejou.

Make a wish implica "fazer" um desejo, fazer acontecer. Be a wish é ser um desejo, deixar acontecer. No primeiro a personalidade lidera, no segundo simplesmente contempla.

4/10/2014

Saco de pedras - o poder do inconsciente


Jung dizia que enquanto não tornarmos o inconsciente consciente, ele vai dirigir a nossa vida e nós vamos chamar-lhe destino. É uma sentença forte que só pode ser compreendida e aceite quando sentimos na pele o poder do inconsciente e a força que ele exerce sobre nós.

No vídeo abaixo eu partilho uma experiência minha, em 2013, quando eu tive a sorte de ouvir o que o meu inconsciente estava a dizer. E deixo o convite para que fiques atento àqueles momentos em que desejas fazer algo mas não fazes... nesses momentos, o inconsciente tem algo para dizer. Podemos ouvi-lo ou podemos chamar-lhe destino!



Nota: O vídeo acima foi um discurso que eu fiz sobre este tema numa sessão do Lisboa Oriente Toastmasters. Para quem quiser desenvolver as competências de comunicação e liderança, o Toastmasters é um programa que recomendo vivamente.

4/06/2014

O homem livre








O sonho do homem livre.
Livre de quê?
De agir, de pensar, de se expressar, de fazer.
O homem capaz de se auto-determinar.
E por isso, inventou-se a democracia: o auge da liberdade.
Liberdade da opressão externa.
Mas será essa a liberdade definitiva?
Afinal, que liberdade tenho eu se o meu medo me bloqueia a ação e contamina o pensamento?
Serei livre, ou serei escravo de uma força que desconheço, que parece maior do que eu e que não controlo?
Serei livre, ou serei a vítima e o carrasco encarnados na mesma pessoa?

3/22/2014

Realidade

A nossa realidade é subjetiva. É só nossa. É um mundo privativo no qual vivemos. É a ilusão que criámos, mas não é o mundo nem é a realidade.

Se sairmos do nosso centro e observarmos o mundo como o outro o vê, percebemos que cada pessoa vive num mundo diferente. São os filtros emocionais, os pontos de vista,  as crenças de cada um. Mas nenhum desses mundos é o mundo: são projeções holográficas que existem e são reais somente para o sujeito que as cria e que as vive.

Sabendo isso, o que é o mundo? O que é a realidade?

3/19/2014

Sol









Aqueces-me a pele mas o teu calor penetra mais fundo, até à última filigrana do meu ser. Aí vibra e ressoa a tua luz e o teu amor quente.
Sinto-me preenchida de ti, plena. Nada me falta e tudo transborda.
Quero retribuir e só tenho o sorriso e o meu fluir no teu calor.
Astro-rei, és o supremo servidor. Tão cheio de ti, derramas-te ao serviço da Vida.
Quero ser como tu: cheia de Mim.
Fecho os olhos. A tua luz anima as minhas células: somos Um.

3/16/2014

Altruísmo


O altruísmo é uma violência e, como qualquer violência, as suas raízes não perduram. O egoísmo é tudo o que existe.

Somos egos, identidades separadas, que naturalmente vão defender a sua sobrevivência em primeiro lugar. E isso é saudável. E essa é a única maneira natural de ser.

Mas em algum momento, o ego vai diluir-se num Eu, vai crescer, alargar-se, esticar-se até incluir toda a Vida,  todo o Universo. Progressivamente, o que acontece aos "outros" e o que acontece a "mim" tem o mesmo valor.

Será isso altruísmo?
Não, é egoísmo, mas de um Eu que cresceu.

3/14/2014

Dor











Quando há uma dor, fugir dela gera sofrimento.
Fugir, desejar que ela vá embora, não a afasta.
Ela fica, do lado de fora, inamovível, presente, doendo.
E eu, do lado de dentro, fugindo, sofrendo.
Quando há uma dor, tenho de embalá-la.
Ir ter com ela, cumprimentá-la:
- Como te chamas? Onde dóis? Porque dóis?
E ficar com ela. Fazer-lhe companhia.
Ficar presente.
Oferecer a minha energia
para sanar a angústia manifestada.
Só então, a dor passa.

2/17/2014

Quando a Andorinha falou


Sentada nas escadas de pedra, frias. A mochila ao lado. Hoje é o dia do passeio da escola. O primeiro passeio. Ela quer ir, a mãe não deixa. Mas ela tem esperança, até ao último momento. Vestiu-se, como se fosse um dia de escola normal. Quer ir para a escola, como os outros meninos.

- Posso ir, mãe?

Não pode. Neste momento, deve estar um autocarro grande parado junto à escola. Os outros meninos em algazarra, excitados pela aventura. Vão passear, descobrir coisas novas, viajar, brincar, divertir-se. E ela está ali, tão longe. Quer tanto ir, mas está tão longe! Se a vontade tivesse força, ela derrubaria o mundo. Mas a sua vontade esbarra contra uma parede: alta, escura, dura. Por mais força que faça, a parede não se mexe. E tem raiva, tanta raiva! Raiva de se sentir atada a uma escada de pedra, fria. Quanto maior é a sua vontade,  mais fria é a pedra e mais longe estão os meninos. A esta hora o autocarro já partiu. E tudo ficou escuro dentro dela.

2/16/2014

Gente como nós


Certamente que já fizeste alguma coisa que outra pessoa considerou admirável. As personagens de que falo neste vídeo são assim. E temos muito a aprender com elas.

Uma macaca que cria e transmite cultura. Um corvo que constrói um anzol. Um peixe com memória de 11 meses e galinhas que se autocontrolam. Tudo isso é admirável e faz ainda mais sentido à luz da ciência moderna, que comprovou como diferentes espécies animais possuem os mecanismos neurológicos que geram consciência, conforme foi oficializado pela Declaração de Cambridge.

Algo que nós sabemos, sempre que damos carinho ao nosso animal de estimação. Mas algo que nós queremos ignorar quando somos cúmplices do sofrimento de milhões de animais, instrumentalizados para o nosso divertimento, a nossa cosmética e a nossa alimentação.

Vamos sempre a tempo de repensar as opções que fazemos e é este o convite que eu deixo no vídeo: temos opções, podemos escolher respeitar os animais.



Nota: O vídeo acima foi um discurso que eu fiz sobre este tema numa sessão do Lisboa Oriente Toastmasters. Para quem quiser desenvolver as competências de comunicação e liderança, é um programa que recomendo vivamente.

Imponderável








Imponderável é...
Achares que és diferente
E encontrar uma multidão de diferentes
Iguais a ti.
Então, já não és diferente.
Então, simplesmente,
És.

2/06/2014

Silêncio












A tua essência despertou.
É uma brisa doce, leve, suave, firme
Que desperta a minha.
Essências que se encontram...
Depois do portal do silêncio.

1/20/2014

Nem 8, nem 80


Qual é a espessura de uma folha dobrada 50 vezes? Esta pergunta inocente faz-nos descobrir uma das falhas do nosso cérebro: não compreendemos o crescimento exponencial. O seu impacto é contra-intuitivo.

Por que é que isso é relevante? Porque muitas variáveis na nossa vida têm crescimentos exponenciais, incluindo aspetos das nossas finanças. Os juros de um empréstimo, por exemplo, crescem de forma exponencial.

Para nos ajudar a traduzir os impactos do crescimento exponencial numa linguagem mais familiar para o nosso cérebro, podemos aplicar uma regra empírica: a regra dos 70. Se dividirmos no número 70 pela taxa de crescimento de uma variável vamos obter o número de anos que essa variável demora a duplicar de valor.



Nota: O vídeo acima foi um discurso que eu fiz sobre este tema numa sessão do Lisboa Oriente Toastmasters. Para quem quiser desenvolver as competências de comunicação e liderança, é um programa que recomendo vivamente.



1/19/2014

Presença








Olho as árvores e, por momentos, sinto-me como elas. Livre de mim.
Existo apenas. Fluo sem sair do lugar.
Existir que não precisa de se afirmar, de se comparar, de se defender.
Existir livre.
Presença.

1/11/2014

Emoção

Emoção
Energia em estado líquido.
Flui como um rio.
Poder. Força.
Abre caminhos. Rasga obstáculos.
Alimenta quem toca.
Gera vida quando corre livremente.
Mata quando é aprisionada:
Podre. Estagnação. Morte.
Águas paradas não toleram a vida.
Águas cristalinas refrescam a alma e lavam a mente.

Sorriso

"Sorriso, diz-me aqui o dicionário, é o acto de sorrir. E sorrir é rir sem fazer ruído e executando contracção muscular da boca e dos olhos.

O sorriso, meus amigos, é muito mais do que estas pobres definições, e eu pasmo ao imaginar o autor do dicionário no acto de escrever o seu verbete, assim a frio, como se nunca tivesse sorrido na vida. Por aqui se vê até que ponto o que as pessoas fazem pode diferir do que dizem. Caio em completo devaneio e ponho-me a sonhar um dicionário que desse precisamente, exactamente, o sentido das palavras e transformasse em fio-de-prumo a rede em que, na prática de todos os dias, elas nos envolvem.

Não há dois sorrisos iguais. Temos o sorriso de troça, o sorriso superior e o seu contrário humilde, o de ternura, o de cepticismo, o amargo e o irónico, o sorriso de esperança, o de condescendência, o deslumbrado, o de embaraço, e (por que não?) o de quem morre. E há muitos mais. Mas nenhum deles é o Sorriso.

O Sorriso (este, com maiúsculas) vem sempre de longe. É a manifestação de uma sabedoria profunda, não tem nada que ver com as contracções musculares e não cabe numa definição de dicionário. Principia por um leve mover de rosto, às vezes hesitante, por um frémito interior que nasce nas mais secretas camadas do ser. Se move músculos é porque não tem outra maneira de exprimir-se. Mas não terá? Não conhecemos nós sorrisos que são rápidos clarões, como esse brilho súbito e inexplicável que soltam os peixes nas águas fundas? Quando a luz do sol passa sobre os campos ao sabor do vento e da nuvem, que foi que na terra se moveu? E contudo era um sorriso."

José Saramago