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7/29/2012

Paralysis Perfectionis


Quem foi que nos incutiu a ideia de que temos de ser perfeitos? A angústia pela perfeição parece-me relacionada com a aversão ao risco, o medo de falhar.

Uma característica dos empreendedores é a visão pragmática das situações, a orientação para o resultado, o "fazer acontecer". Sabem que a excelência decorre do experimentar, de uma melhoria contínua.

No entanto, para quem não tem esse perfil tão pragmático, é fácil cair na paralisia da perfeição. Estar constantemente à espera de aprender a última técnica, de fazer a última melhoria para chegar à perfeição naquilo que pretende fazer. Com isso o tempo passa e o projecto ou nunca se materializa ou materializa-se de forma perfeita, mas tarde demais.

Por isso, quando sonhamos com um projecto, a palavra de ordem é "faz!", à medida que agimos, que materializamos a ideia, a visão tornar-se mais clara, as dúvidas inicias vão-se esclarecendo e aprendemos infinitamente mais do que apenas sonhando.

A chave está em vencer a inércia, seja da perfeição ou qualquer outra. Como diria um amigo meu, faz-se caminho ao andar!

7/21/2012

Os portugueses e o poder

Somos provincianos na forma como lidamos com o poder. O lidamos refere-se aos portugueses. E o que mais me surpreende é que vejo o mesmo perfil desde o estagiário ao director geral.

Cultuamos o "chefe": profundamente preocupados em lhe agradar, ou em defender-nos, fazendo estritamente o que ele diz. Sentimo-nos inferior ao chefe e, muito comodamente, entregamos-lhe o poder de todas as decisões. E os chefes também alimentam esta atitude: "o que eu digo é lei e que ninguém a desafie".

Não estou a defender nenhum tipo de anarquia, mas sim uma cultura mais criativa, mais paritária, onde todos os elementos têm uma visão válida a partilhar, a defender. A decisão final pertence ao gestor, mas todos os elementos têm uma atitude pro-activa na decisão e na implementação, sentindo-se co-responsáveis pelo rumo tomado.

Talvez por isso eu sinta tanta falta de líderes em Portugal. Não há cultura de liderança, de desenvolvimento do capital humano, de promoção de talento. Quanto mais interajo com pessoas de outros países mais noto este perfil.

Será que ainda carregamos a herança de Salazar? Ou será que Salazar e todos os déspotas anteriores e vindouros surgiram de dentro de nós, do nosso comodismo de confiar a outros o nosso destino?

7/15/2012

O paradoxo da segurança


Nós gostamos de segurança. Gostamos de sentir que controlamos a mudança constante e a instabilidade, a incerteza inerente à vida. Camões escreveu que "o mundo é feito de mudança", mas a incerteza incomoda-nos.

Por isso procuramos garantias de segurança, exteriores a nós. Essas garantias podem vir do governo, da lei, da família, excepto de nós mesmos! É mais cómodo entregar em mãos alheias a responsabilidade pelas nossas acções e pelo nosso bem-estar.

Existe, no entanto, um paradoxo. É a ilusão de segurança que nos leva a tomar decisões mais arriscadas. Se retirarmos essa ilusão, tomaremos melhores decisões. Vejamos alguns exemplos:

7/10/2012

Botões

Tenho constatado um padrão curioso... por vezes uma observação simples ou um comentário meu inocente desencadeia uma reação inesperada e desproporcional em outra pessoa. Em alguns casos basta referir alguma palavra mágica para a pessoa interpretar de forma totalmente enviesada a mensagem e reagir da forma mais inadequada.

Por vezes o disparate é tal, que parece que estamos perante um boneco no qual se carregou naquele botão que o faz dançar furiosamente, totalmente fora de si. Por momentos, a pessoa encarna alguma personagem sinistra.

Como estas situações já me aconteceram várias vezes, criei um novo passatempo. Consiste em descobrir o "botão" de cada pessoa. Já descobri vários, alguns surpreendentes. E como é um passatempo, a situação até se torna divertida. A diversão seguinte é procurar o "botão OFF" que desligue o diabrete.

Com isso pensei, parece que toda a gente tem o seu botão. Portanto, também devo ter o meu. Pois, confirma-se, já detetei vários! E tu, tens algum? :)