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9/01/2012

O mundo das ideias

A criatividade é uma forma do ser humano se expressar e é algo que nos diferencia como espécie. Sonhar, imaginar, inventar, mudar, criar, melhorar são verbos que conjugam a criatividade.

Já alguma vez te debateste com um desafio, sem ver saída nem solução, até que espontaneamente te surgiu uma ideia e tudo se resolveu de imediato? Estes insights acontecem precisamente quando não estamos à procura deles e são como um relâmpago que ilumina a nossa visão.

De onde é que vêm estas ideias?

Gosto de imaginar que as ideias habitam um mundo só delas, um mundo diferente, sem tempo nem espaço, onde vivem todas as ideias e descobertas passadas, presentes e futuras. Esse mundo simplesmente existe, eterno e imutável, velando um universo de infinitas possibilidades. 

O encanto de sermos humanos é ter essa capacidade de nos ligar ao mundo das ideias, de as captar e de lhes dar vida. É como ir à pesca. As ideias não nos pertencem, nós somos apenas o seu veículo. Como cana de pesca temos a nossa mente e, mais importante ainda, a nossa intuição. Mas o que é que nos induz a ir à pesca de ideias? 

Descobri dois estímulos para a criatividade que me surpreenderam: a preguiça e os problemas.

Pensar em preguiça criativa é debater-se com um paradoxo delicioso. A preguiça é criativa quando, incentivados pela preguiça de não querer trabalhar, encontramos formas de sermos igualmente produtivos com muito menor esforço. Engenheiro desde o berço, o meu irmão é um bom exemplo disso. Desde criança inventa todo o tipo de engenhocas que lhe permitam mandriar!

Também os problemas são profundamente criativos. Por definição, se enfrentamos um problema, só alterando o status quo é que o podemos solucionar. E hoje tive a evidência do poder que os problemas podem ter no estimular da criatividade:
No meu trabalho fui confrontada com a exigência de preparar um pack exaustivo de informação num período muito curto de tempo. Para isso precisava de desenvolver uma ferramenta de suporte, diferente da que já existia. Numa análise inicial, a única solução técnica disponível não estava pronta a tempo do deadline, sendo absolutamente impossível desenvolvê-la mais cedo.

No entanto, perante a imposição de que "sim, não importa a impossibilidade técnica, temos de cumprir os deadlines", surgiu uma solução mais rápida e mais eficiente: em vez de "20 dias de trabalho e várias pessoas alocadas" passou-se para "implementação imediata, apenas com breves ajustes à solução existente". Com isso, para além de resolver o problema, conseguimos melhorar muito a forma de trabalhar existente.

Nunca eu teria tido esse ideia se não fosse o estímulo da total impossibilidade de cumprir os requisitos versus a total imperatividade de ter de fazer!
Eu sou fascinada por este processo de "pescar" ideias! Já alguma vez pensaste naquilo que estimula a tua criatividade? Tens algum outro estímulo, para além da preguiça e dos problemas?

9 comentários:

  1. Pressão, do trabalho, dos problemas ou das chefias, ambição e realização pessoais,são outros estímulos.O desejo e a vontade de concretizar também.
    Mas por vezes as soluções aparecem em ambientes ou contextos diferentes. No meu caso que adoro música ou filmes, frequentemente é de lá que me surgem fontes de inspiração. Pode ser paradoxal, mas no ambiente que aqueles me transmitem por vezes, num riff, numa frase, numa cena, surge algo. Em viagens de carro ídem, também é frequente.Bom também, os telemóveis hoje terem gravadores que permitem registar ideias e soluções de forma tão acessível.O Evernote é excelente.

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    1. Uma coisa que eu tenho notado é que à medida que valorizamos as ideias que temos, entramos num processo virtuoso que estimula a criatividade. Se eu tenho uma ideia, tomo nota dela, fico entusiasmada, aplico-a... estou a estimular o cérebro a captar mais ideias. Se eu tiver uma ideia e ignorá-la, pensando "mais tarde eu tomo nota; mais tarde eu faço isso", estou a dizer inconscientemente ao cérebro que isso não é importante.

      Eu também já usei várias vezes o telemóvel para registar ideias e concordo, o Evernote é muito bom. :)

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  2. No problema que reportaste, onde optaram por outra solução, uma vez que a primeira não seria possível dado o deadline, notei que ainda assim estavam todos empenhados na solução e aparentemente só dependia de vós.
    Costumo dizer que difíceis são os problemas cujas soluções não dependem só de nós.Por muito complexo que seja, se a solução só depender de nós, até é um desafio e é estimulante. É uma questão sobretudo de empenho e vontade.
    Na minha fase actual, as soluções comerciais e operacionais estão resolvidas, agora tenho problemas cujas soluções dependem de outros, no caso Câmaras. E estas estão-se a revelar castradoras, difíceis, hesitantes, morosas. O Estado no seu pior: a burocracia.
    Quanto á tua capacidade de soluções, não me surpreende: no pouco tempo que trabalhámos próximos, presenciei-as uma boa meia dúzia de vezes e de forma bem notável.

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    1. Espero que esses constrangimentos se resolvam em breve. Talvez alguma pessoa que já tenha passado por esse processo te consiga dar alguma dica. :)

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  3. Na tua solução, havia um timing, um deadline.
    O que noto é que a unidade de tempo no Estado que aponto, é a semana. É tudo para a semana, dentro de 2 semanas, 3 semanas, etc.
    A unidade temporal, dia, é um absurdo e a hora, não existe ou melhor existe: a hora de saída. Exemplo: 5ªfª, após mais uma ida foi-me garantido que 2ªfª iriam marcar-me 1 reunião com o arquitecto urbanista, para orientação de projecto supostamente final.Hoje, 3ªfª ainda não me tinham contactado.Às 17.33 liguei...em vão.Ninguém. Resta-me amanhã insistir e com muita inteligência emocional, caso contrário, pode demorar mais 2 semanas de «penalização».Como me disse outra ex-colega, encara isso como mais uma fase do projecto. É mais uma aprendizagem.Exacto, é isso.

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    1. Não querendo particularizar a minha situação num post teu, mas porque já agora pretendo concluir e dar sequência à minha última intervenção, acrescento:
      Insisti hoje, às 09.03, às 11.45 e às 14.45. Recebi marcação, por telefone, às 16.45 para 12-09-12 às 10.00.
      Tiro 2 conclusões:
      »insistir e «arrancar a ferros» dá resultado
      »afinal o dia também existe como unidade de tempo: 2 semanas menos 1 dia após o pedido, tenho reunião.

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    2. :) Ainda bem! O lidar com essa burocracia faz parte do processo, infelizmente. Talvez uma definição de empreendedor seja "aquele que é mais teimoso do que os obstáculos que enfrenta"!

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  4. ...ou qualquer coisa como já li algures: «os obstáculos não são mais do que barreiras que temos que transpor».
    Pena que nesta fase tenha que me resignar a uma versão very, very slow motion.

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