Páginas

4/12/2012

O músculo da vontade

Eu gosto muito de Fernando Pessoa e à semelhança dele parece-me que também nós carregamos várias identidades, várias pessoas numa só. Um exemplo é a alegoria de que todos temos um eu-anjinho e um eu-diabinho que brigam pela nossa atenção. Há momentos em que somos grandiosos, há momentos em que somos mesquinhos, agora criativos, logo pragmáticos... como bem sintetizou um amigo meu: "eu sou nobre e egoísta ao mesmo tempo".

Se fosse usar uma alegoria, diria que a pior parte de mim é uma criança insolente e mimada, que quer fazer apenas aquilo que lhe apetece e se interroga como se atreve o Universo a não lhe obedecer! Se não estivermos conscientes, é fácil dar o controlo ao eu-diabinho, deixar que as nossas emoções mal conduzidas assumam o comando.

Ao reflectir sobre isto, ocorreu-me um insight... já te aconteceu saber que devias fazer algo mas não te apetecer? Entretanto, por uma inspiração inesperada, ultrapassares a resistência e fazeres? E no final perceber que a barreira do "não me apetece" que parecia intransponível fora fácil de vencer e dera lugar a uma sensação de bem-estar, de poder, de realização?

A este acto de vencer a barreira do "não me apetece" eu gosto de imaginar como o músculo da vontade. Como qualquer outro músculo, precisamos de o exercitar para o fortalecer. Da mesma forma que um corpo atlético ultrapassa levemente qualquer obstáculo, o músculo da vontade dissipa os caprichos emocionais para podermos realizar aquilo que escolhermos. É um poder invejável: ser capaz de escolher qual é a identidade que queremos encarnar em cada momento.

A este respeito, li algures que o que diferencia as pessoas de sucesso é que elas fazem o que é necessário e não o que lhes apetece.

Sem comentários:

Enviar um comentário