A
figura do chefe é por vezes mal vista. Quem é que nunca teve algum dia um
problema com um chefe? Problemas
vão sempre ocorrer: somos todos humanos, a aprender e a cometer erros. Por
isso, ser um chefe, mais ou menos odiado, é fácil. O desafio consiste em ser mais do que um chefe e tornar-se num líder.
Eu
sou fascinada pelo tema da liderança porque já senti o seu efeito em mim, ou
seja, já comparei o meu desempenho na mesma função num ambiente com uma excelente liderança versus outro com
uma liderança menos forte.
Isto
aconteceu numa empresa onde o primeiro ano foi desafiante e difícil: o ritmo de
trabalho era demasiado intenso e parecia que o meu desempenho nunca era bom o
suficiente. Sentia-me constantemente
a correr atrás do prejuízo. Um desgaste que me custou algumas lágrimas,
frustração e cabelos brancos. Entretanto mudei de chefia, passei a reportar a
outra pessoa e tudo mudou. Bem,
não tudo, porque o ritmo continuou acelerado! Mas, a minha motivação aumentou, a minha
confiança também, o meu desempenho melhorou significativamente e o meu trabalho
passou a ser reconhecido e respeitado, com visibilidade até à direcção da
empresa.
Como é que isso foi possível?
Quero deixar claro que tanto a
primeira como a segunda chefia são pessoas de bem e bons profissionais. A
diferença é que o meu segundo chefe é um líder nato e aquilo que ele conseguiu
desenvolver em mim e no resto da equipa é admirável.
Desta
minha experiência, destaco 3 elementos que transformam o chefe num líder: visão partilhada, confiança recíproca e espírito
de equipa.
Uma
das primeiras coisas que o líder faz quando assume a equipa é construir uma visão partilhada. Junta a equipa para
em conjunto responder às perguntas: onde estamos, o que fazemos bem, o que
queremos melhorar, onde queremos chegar e quando? Chamo visão partilhada porque
é construída em conjunto com a equipa. A partir daí, o segredo é celebrar cada
pequena vitória e ter coragem para travar as guerras que forem necessárias
nesse percurso.
O
segundo ingrediente na fórmula da liderança é a confiança recíproca: confiança do líder no colaborador e deste no
líder.
Confiança
do líder no colaborador significa que o líder delega responsabilidade. Ele
diz o que é preciso ser feito mas não diz como deve ser feito. O meu chefe era
perito nesta arte: partilhava connosco o problema que era preciso ser
resolvido, a data em que precisava de estar resolvido, o resto era nossa
responsabilidade. Ele interferia apenas se pedíssemos ajuda para alguma
dificuldade. Isto fez-nos crescer acima daquilo que poderíamos sonhar, porque
tínhamos total liberdade e responsabilidade para definir como se resolveria
aquele problema.
A
segunda vertente da confiança recíproca é a confiança dos colaboradores no
líder. Isto conquista-se através de três virtudes: integridade, justiça e coragem. Coragem significa a defesa feroz da equipa e dos seus elementos perante
qualquer inimigo ou opositor. Também aqui o meu chefe era exímio. Feroz, no
caso dele, chegou a significar enfrentar o próprio director geral. Isso é algo
espectacular! Gera laços fortíssimos de lealdade da equipa com o líder. Dessa
forma, conquista-se mais do que o trabalho e a mente dos colaboradores,
ganha-se também o seu coração. Em contraste, a cobardia é o primeiro sinal da
falta de liderança.
O
terceiro factor que diferencia o chefe do líder é o espírito de equipa. Para o líder a equipa está em primeiro lugar e o crédito do trabalho
realizado é a ela que pertence. O chefe considera o mérito seu; o líder
atribui publicamente o crédito à equipa ou à pessoa que realizou o trabalho.
O
líder sabe também usar o feedback como ferramenta incentivo e desenvolvimento
da equipa: evidencia os pontos fortes, agradece cada esforço feito, celebra as
conquistas. As melhorias necessárias criam a visão daquilo que se pretende do
colaborador no futuro. Isto gera um ciclo de emoções positivas onde até os
pontos negativos se convertem em estímulo para o crescimento.
Mas, 0 que é que visão partilhada, confiança recíproca e espírito de equipa têm em
comum? O foco nos outros. O líder, ao contrário do chefe, está mais preocupado
com a equipa do que consigo mesmo. É essa posição mais altruísta que inspira os
colaboradores e desperta o seu potencial. O chefe limita-se a gerir o trabalho,
o líder inspira e faz brotar o melhor da sua equipa.
E
tu, és chefe ou és líder? Atreve-te a ser líder e a mudar a vida
das outras pessoas para melhor!
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